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EGO e CONSCIÊNCIA: uma história de amor (nem boa, nem má)

Mais uma semana, mais um texto: começa pela escolha do tema, a sua organização e depois: deixar fluir. Acontece que, desta vez, nada fluía – as águas da mente queriam permanecer paradas e a resistência teimava em ocupar um lugar de destaque! Tirando proveito da sua existência, surgiu o tema: o de falar sobre o Ego e a Consciência.


Quem me conhece, sabe o quanto é desconfortável para mim a exposição. Escrever semanalmente obriga-me a sair da minha zona de conforto. Este exercício é algo novo para mim, logo não me sinto nada confortável e fica mais fácil dar desculpas e não fazer (ler artigo: "Os bastidores da auto sabotagem"). E assim, andei a semana toda a ponderar não o fazer. Só desta vez. Só nesta semana. E é aqui que entra a consciência - aquela voz que chama à razão para a realidade. Aquela parte de mim que sabe quais a consequências de não agir em conformidade com a minha verdade. E a realidade é que assumi um compromisso comigo no dia que criei o blogue – o de, numa primeira fase, escrever um texto por semana. E o que ia estar a fazer se não o tivesse feito? A falhar comigo. Desta forma, estou aqui a assumir o meu compromisso, a ser consciente, integra e verdadeira comigo – a não fazer a vontade do meu ego, que era permanecer na minha zona de conforto e desistir.


O ego não é bom nem é mau, simplesmente necessita de ser educado/domado para que nos sirva em harmonia e verdade de acordo com a nossa verdadeira consciência (essência).

E o que é o ego? É aquela parte de nós que necessita sempre de nos identificar com a forma. As formas não são apenas objectos materiais e corpos físicos, existem também como pensamento que surgem na nossa esfera de consciência. Quando nos identificamos com os pensamentos que absorvem toda a nossa atenção e com as emoções que os acompanham, significa que estamos totalmente identificados com a forma e por isso dominados pelo ego.


O ego é sempre a identificação com a forma, um processo durante o qual nos procuramos e nos perdemos. É um aglomerado de formas de pensamentos recorrentes, padrões mentais e emocionais condicionados, aos quais foi atribuída uma noção de identidade. Ele gosta sempre de ter razão e de se sentir aceite.


Já a nossa consciência, quando se manifesta, simplesmente é, aceita e compreende que tudo e todos o que a rodeiam são seres únicos e que vivem de acordo com as suas verdades. A consciência respeita os outros e a si mesmo sem a necessidade de se sentir aprovada e aceite.


O ego surge quando a nossa noção de Ser, de “Eu Sou”, que é a consciência sem forma se funde com a forma. É este o significado de identificação. É este esquecimento do Ser, este erro primordial, esta ilusão de separação total, que transforma a realidade num pesadelo. Na forma, somos e seremos sempre inferiores a alguns e superiores a outros. Na consciência (essência), não somos inferiores nem superiores a ninguém. A nossa verdadeira individualidade, Amor Próprio e a Humildade nascem deste reconhecimento.


Devemos estar atentos e sermos sinceros para descobrirmos se a nossa individualidade está dependente das coisas que possuímos e da imagem que construimos em função do ter e em função do conceito de certo e errado.

A maioria das pessoas está mais preocupada em TER do que em SER, assim como em corresponder à expectativa do meio que a rodeia. É necessário dignificar o mundo das coisas e não desprezá-lo. No entanto, não podemos dignificar as coisas se as utilizarmos como meios de autovalorização ou, por outras palavras, se tentarmos encontrar-nos através delas. É exatamente isto que o ego faz.


A identificação do ego com as coisas (conceitos, padrões etc.) cria apego às mesmas, o que por sua vez, dá origem à nossa sociedade de consumo e a estruturas económicas em que a única bitola do progresso, é consumir sempre mais e agir em função dos outros e nunca em função do que é melhor para nós.


Uma das estruturas mentais mais básicas através da qual o ego existe é a identificação, sendo alimentado pela comparação. Ele tende a igualar as noções do ter e ser: tenho, logo existo e quanto mais tenho, mais sou.


O apego às coisas desaparece por si só quando nos deixamos de tentar identificar e/ou encontrar-nos com elas, basta estarmos conscientes de que nos identificamos com algo, essa identificação já não é total. Por vezes só nos apercebemos que temos apego às coisas e/ou situações quando as perdemos ou há o perigo de as perder.


Eckhart Tolle cita no seu livro Um Novo Mundo “Eu sou a consciência que tem consciência de que existe apego”. Este é o princípio da transformação da consciência.

E muito mais há para falar sobre este assunto, mas o meu objectivo ao escrever sobre ele é trazer à nossa consciência o quanto vivemos em função do ego ou em função do que realmente somos ou queremos vir a Ser.


Se tivesse ido na conversa do meu ego não teria saído da minha zona de conforto, mas como dei ouvidos à minha consciência permiti-me sair, assumi o meu compromisso e só por isso, termino o texto a sentir-me satisfeita e feliz comigo.


As birras que fazemos fazem parte, aceitem-nas pois através da sua observação tornamos mais conscientes do domínio do ego sobre nós e partir daqui temos a possibilidade de fazer diferente.


Os milagres acontecem quando nos permitimos fazer diferente.


E tu, atreveste-te?

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