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Auto Estima: o que é e porque importa

A Auto Estima é o julgamento e a apreciação que cada ser humano faz de si mesmo e a capacidade de gostar e sentir-se bem consigo mesmo. É uma experiência íntima e reside no cerne do nosso ser. É o que eu aceito, penso e sinto sobre mim mesmo e não o que os outros pensam e sentem sobre mim.


Conhecermos o nosso próprio Eu, implica vermos os nossos aspetos positivos e negativos e valorizar as virtudes encontradas. Este diálogo interior requer um olhar para dentro de nós mesmos rumo à essência do nosso Ser, deixando de lado o domínio do ego.


Este tema tem como foco principal todo o meu processo de crescimento e desenvolvimento pessoal. Todo o meu processo de transformação se iniciou quando me dei conta que algo não estava bem comigo, não me sentia valorizada, nada me fazia sentido, era como se a vida de um momento para o outro se tivesse tornado num grande vazio e, nem eu, nem nada à minha volta, fazia sentido.


E porquê? - Questionava eu vezes sem conta. Porque me sinto assim quando tenho tudo o que supostamente qualquer ser humano deseja para ser feliz: uma família (filho e companheiro de 15 anos), casa, carro e um trabalho bem remunerado. No entanto, nada do que tinha e me rodeava me fazia sentir feliz. O porquê da minha infelicidade permaneceu durante algum tempo, até que entrei em depressão. O meu estado depressivo levou-me a procurar ajuda, não só para me tratar, mas também com a finalidade de obter respostas para a minha infelicidade. O que é necessário para ser feliz? Perguntava eu vezes sem conta. A resposta só veio ao fim de algum tempo, depois de eu perceber que era necessário fortalecer-me e valorizar-me como pessoa e aprender a amar-me e a respeitar-me como um todo.


Trabalhar a Auto Estima, sem dúvida que foi o que me levou a descobrir o meu verdadeiro Eu, que estava escondido algures dentro de mim, desde a minha infância e que ficou esquecido e perdido devido a um sistema de crenças, padrões impostos (pai/mãe/religião, etc…), inseguranças e medos. Na verdade, tudo isso criou em mim uma necessidade de agradar aos outros e nunca de olhar para as minhas verdadeiras necessidades.


Quando aprendi a aceitar-me e a valorizar-me, sem medos e/ou sentimentos de culpa, aprendi a amar-me. E foi aqui que houve a grande transformação em mim e na minha vida. Não só me sinto hoje em dia em paz, como sinto um estado de felicidade constante, pois aprendi a olhar para tudo o que me rodeia como fazendo parte de mim mesma. Aprendi que tudo à nossa volta é necessário para o nosso crescimento, fortalecimento e evolução.

No decorrer dos meus dias de trabalho chegam até mim pessoas, nas quais identifico a falta de Auto Estima, e através da minha experiência pessoal tenho conseguido ajudar algumas dessas pessoas no seu processo de tomada de consciência, aceitação e valorização pessoal.


Considero que a Auto Estima é uma parte integrante de todo o ser humano e que contribui para nos entendermos a nós mesmos e aos outros.

Segundo Nathaniel Branden a "Auto Estima tem dois componentes: o sentimento de competência pessoal e o sentimento de valor pessoal. Em outras palavras, a Auto Estima é a soma da autoconfiança com o autorrespeito. Ela reflete o julgamento implícito da nossa capacidade de lidar com o desafios da vida (entender e dominar os problemas) e o direito de ser feliz (respeitar e defender os próprios interesses e necessidades).

Ter uma Auto Estima elevada é sentir-se confiante e adequado à vida, isto é competente e merecedor, no sentido que acabamos de citar. Ter uma Auto Estima baixa é sentir-se inadequado à vida, errado, não sobre este ou aquele assunto, mas ERRADO COMO PESSOA. Ter uma Auto Estima média é flutuar entre sentir-se adequado ou inadequado, certo ou errado como pessoa e manifestar essa inconsistência no comportamento – às vezes agindo com sabedoria, às vezes como tolo – reforçando, portanto, a incerteza."


Valorizarmo-nos e gostarmos de nós próprios não é a mesma coisa. Vou citar um caso referenciado no livro de Xavier Guix : “Atreva-se a dizer Não e reforce a sua Auto Estima” como exemplo e explicação destas duas dimensões:


"Emílio tinha sido um atleta na sua juventude e destacara-se, precisamente na natação. Era reconhecido pelo seu trabalho em centros de natação onde desenvolvera um programa muito original para pessoas de idade. Sentia-se orgulhoso e reconhecido por todos mas não se sentia bem. Valorizava-se mas por outro lado não se sentia bem, achando que não se respeitava o suficiente e que no fundo não estava a ser ele próprio. Aparentemente era uma pessoa a quem a vida sorria. Era casado com dois filhos, sentia-se amado e respeitado, tinha uma vida recatada, sem dificuldades financeiras e toda a sua família gozava de boa saúde. Contudo não era feliz.


A vida normal, tranquila e em família sabia-lhe a pouco. Mesmo reconhecendo tudo o que tinha de bom, sentia saudades dos velhos tempos de glória. Emílio queria manter o reconhecimento público como se fosse o único aspeto que lhe tivesse restado daquele tempo. O problema é que não só havia mudado, como se sentia escravo daquela personagem. Amava-a e odiava-a em simultâneo. Por isso apesar de se valorizar muito, não gostava de si, pois não se permitia viver de acordo com aquilo que era."


No nosso dia-a-dia encontramos pessoas que se gabam das suas qualidades e orgulhosas de tudo o que conseguiram, mas ao analisarmos um pouco melhor apercebemo-nos que pouco gostam de si mesmo.


Amarmo-nos e não termos confiança nos nossos atos e/ou pensamentos não resolve, pois nesta situação temos aquelas pessoas que até desejam algum “bem “para si, mas que depois se lamentam por não terem as condições de o conseguir.

Confiarmos nos nossos projetos e/ou nas nossas capacidades sem termos o amor-próprio também não trás felicidade, neste caso podemos ver no nosso dia-a-dia as pessoas empenhadas e preocupadas em ter e poder, mas depois esquecem-se de ser.


Vou aperfeiçoar então a definição de Auto Estima, como sendo um ato de amor e confiança em nós mesmos. É necessário entendermos que são as duas juntas: o amor-próprio e a auto confiança que cria a verdadeira Auto Estima.

A importância de uma Auto Estima saudável deve-se ao facto de que ela promove o desenvolvimento das nossas capacidades e de reagirmos ativa e positivamente às oportunidades da vida.


Desenvolver a Auto Estima é desenvolver a convicção de que somos capazes de viver e somos merecedores da felicidade e, portanto, capazes de enfrentar a vida com mais confiança, boa vontade e otimismo, que nos ajuda a atingir nossas metas e a sentirmo-nos realizados.


Desenvolver a Auto Estima é expandir a nossa capacidade de ser feliz.


Uma Auto Estima saudável é também um fundamento da serenidade de espirito que nos torna possível desfrutar a vida.


A Auto Estima é a chave para nos entendermos a nós mesmos e aos outros.

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