A tristeza (também) importa
Esta semana vou falar-vos sobre uma emoção que tendemos a rejeitar e não gostamos de sentir - mas que faz parte de todos nós. Adivinhem qual é? É isso mesmo: a tristeza!
Ninguém gosta de sentir emoções negativas e, em especial, tristeza. Ouço vezes sem conta: “não me quero sentir triste, não gosto de me sentir assim”. Lamento informar, mas não se trata de gostar ou não - ela simplesmente existe apenas e só para a sentirmos e sem que a critiquemos ou julguemos.
Quanto mais se resiste a sentir e olhar para esta emoção, mais ela se faz presente nas nossas vidas. No dia em que a decidirmos olhar e aceitar, ela perde força e transforma- -se numa aprendizagem e num acto de amor para connosco.
É seguro dizer que equilibrar a tristeza e a alegria nos vai proporcionar uma vida mais saudável e plena.
A tristeza é uma emoção de grande potencial, podendo ajudar-nos a olhar para dentro de nós, sendo aquela que nos coloca em contacto com a nossa verdadeira essência. Quando estamos em tristeza, estamos despidos de todas as personagens com as quais nos identificamos, mas que não são reais. Na tristeza, estamos completamente despidos e somos obrigados a olhar para o que muitas vezes tratamos de ignorar e que tanto fere o nosso maravilhoso Ser.
Todos nós queremos viver em constante alegria. Ainda assim, como poderíamos saber o que é a alegria se não houvesse a tristeza? Se aceitamos a alegria, porque não aceitar a tristeza de igual forma?
As emoções menos agradáveis são tão importantes quanto as positivas. A medicina tradicional chinesa utiliza há milénios o conceito de ying-yang que nos diz que os oposto se complementam – e, na sua filosofia, as doenças são desequilíbrios entre as energias opostas. A psicologia e a neurociência têm vindo a comprovar que as emoções negativas são fundamentais para a evolução do ser humano.
O Filme “Divertida-Mente” explica de uma forma simples as teorias da psicologia e da neurociência sobre como as emoções funcionam e fazem parte do ser humano e o quanto são importantes para a nossa sobrevivência.
A tristeza tem diferentes formas de se manifestar, podendo fazer-se sentir como com um estado de desânimo, cansaço, solidão, angustia, culpa, sensação de que nos falta algo (vazio), entre outros. Podem ser desencadeados por uma desilusão amorosa, problemas financeiros, insatisfação profissional/pessoal ou alguma outra questão interior (traumas). Cada um de nós reage de uma determinada forma em relação aos acontecimentos da nossa vida. A postura que escolhermos ter, irá determinar a sua intensidade e o tempo que permaneceremos assim.
A tristeza faz parte das nossas vidas e devemos “estar com ela” por curtos períodos tempo - só até conseguirmos olhar e transformar o motivo que nos levou até esse momento. Caso se prolongue e se intensifique ao ponto de dificultar e prejudicar o trabalho, a relação com a família e amigos e as nossas rotinas do dia-a-dia, deverá prestar uma maior atenção e procurar ajuda de um profissional que o ajude a lidar com a emoção.
“A vida não é triste. Tem horas tristes” Romain Rolland
Deixo-vos aqui algumas dicas de como podem observar e superar a vossa tristeza:
Exercício físico – praticar uma atividade física tem impacto sobre a nossa saúde mental, gerando autoconfiança, motivação e bem-estar que nos ajudarão a ver e a superar as dificuldades como desafios procurando respostas e soluções.
Escrever – escrever sobre o que sentimos ajuda-nos a superar as situações com maior facilidade e faz com que os nossos pensamentos fiquem mais claros. Por exemplo: se teve um desentendimento com alguém, experimente escrever uma carta onde expresse tudo o que sente em relação ao momento e a essa pessoa. Esta carta não precisa ser enviada, pode ser queimada no final. O simples facto de escrever vai aliviar e tirar todo o peso da situação.
Ver sempre o lado positivo – tal como as moedas têm duas faces, toda e qualquer situação tem o seu lado positivo embora muitas vezes não o consigamos ver no imediato. Foquem-se no que podem aprender com a situação e não no que a gerou. Lembrem-se tudo na nossa vida tem o propósito de aprendermos, crescermos e evoluirmos.
Meditar – comecem com um exercício prático e simples de se concentrarem na vossa respiração por 5 a 10 minutos inicialmente e irem aumentando este espaço de tempo até conseguirem permanecer 20 a 30 minutos diários só focados no ato de respirar.
Terapia – Com a ajuda de um terapeuta fica mais fácil fazer a viagem e conexão ao mais profundo do teu Ser. A terapia ajuda a desenvolver a capacidade de nos olharmos, aceitarmos e compreendermos melhor os nossos valores e objetivos.
Se sentires que necessitas de ajuda para lidares com as tuas emoções, agenda uma consulta comigo onde terás a oportunidade de te olhares e reconheceres com o Amor que tu és.